Aprender Design

10 de out de 2023

Novas formas de contar histórias com Design Imersivo

Andrei Speridião

Professor do curso Design Imersivo

Estamos vivendo a ascensão da realidade estendida – ou XR de "extended reality" – que compreende a realidade virtual, aumentada e mista. Apesar de altamente densa tecnologicamente, é um meio fundamentalmente humano e analógico em sua linguagem e com vasto potencial narrativo. Novas formas de contar histórias surgem quando a presença de corpo, percepção e computação compõem juntos a mecânica da experiência.

A experiência humana é essencialmente baseada na capacidade de comunicação e conexão, seja em qual meio: histórias contadas, livros, pinturas, filmes, brincadeiras ou jogos. Estes são apenas alguns dos instrumentos imersivos que nos permitem crescer através da co-imaginação, transmissão de memória e conhecimento, vislumbre de possibilidades, preparação para eventos importantes ou simplesmente por diversão.

Como pensar, então, no design como forma de conexão e navegação em contextos imersivos no nosso mundo atual e em um futuro próximo?

Nem tudo o que brilha é tela, e nem tudo o que é tela, brilhante.

As mídias digitais se consolidaram em telas 2D com interações abstratas que hoje compõem uma sólida linguagem de design. Páginas, botões, modais, sliders e diversos outros artifícios foram criados com base em metáforas do mundo físico. Com a consolidação destas abstrações compreensivelmente pautada por limitações técnicas, alguns elementos de humanidade e espontaneidade gradativamente criaram dogmas que nem sempre são questionados ou evoluídos. Por que e para que ainda usamos telas?

Cada vez mais conteúdo 3D interativo está disponível e de forma mais e mais visceral, como nos dispositivos de realidade virtual. Essa metamorfose altera a relação de nossos corpos com as interfaces audiovisuais, que transbordam os retângulos e se diluem no espaço à nossa volta. Vivemos em uma via de mão dupla: por um lado, a informação digital sendo representada por meios tangíveis, e por outro, o físico também sendo moldado através da mídia e fabricação digitais.

 

Ao mesmo tempo que o físico-digital evolui cada vez mais, o digital-físico também.

Da inspiração pelo real e com uma imensa capacidade de recursos e computação disponíveis, é possível simular mundos virtuais cada vez mais verossímeis, senão hiperrealistas.

Se nas interfaces 2D os pixels, layers e vetores são fundamentais, no universo 3D uma série de outros elementos computacionais precisam ser conjugados: desde os vértices e triângulos que compõe modelos 3D, até os shaders e texturas, que permitem que determinados materiais sejam simulados virtualmente. Independente de qual o meio, é fato que as interfaces de computação serão cada vez mais espaciais, seja em objetos em si ou através de telas, e nesse caso específico, tratando-as como janelas para "realidades" paralelas.

A biologia como a próxima fronteira do design do dia a dia.

Apesar da realidade expandida ainda ser bastante orientada ao áudio e ao visual, com a tecnologia "wetware" cada vez mais incorporada a nossos corpos, temos a oportunidade de explorar sentidos antes relevados, como o olfato, tato e paladar, em conjunto com interfaces biométricas. 

Surge uma conexão interessante com o estudo da acessibilidade, campo que já há tempos busca em outros sentidos a criação de canais cognitivos alternativos à visão e audição.

A difusão da realidade estendida vem sendo um dos seus principais desafios

O termo metaverso traz uma releitura da world wide web por meio de uma estratégia de marketing através de mídias sociais para a sua popularização. Por outro lado, existem também inúmeras abordagens, como a WebXR, que permite que diretamente de um navegador e mesmo sem um headset se participe deste universo.

Tudo isso abre novas oportunidades de crescimento do entendimento filosófico do que é "ser humano". 

O designer pode participar com sua abordagem híbrida entre intenção, tecnologia e humanidade para elevar a qualidade de experiências imersivas ao questionar:

Como conciliar o controle da experiência e lógica computacional com a vulnerabilidade e desafios inerentes ao real?

No curso, vamos aprofundar essas questões sobre expressão, coletividade, tecnologia e como exercer a criatividade pensando o mundo com Design Imersivo.